J

Ando conversando com o J, um professor do IF. Ele é o tipo de pessoa bombril, que faz de tudo para que você não ache ele ruim, mal, chato, grosso. Ele é solícito demais. Verdade isso faz bastante sentido.

Tentei em 2 vezes

Tentei em 2 vezes me afastar dele a fim de oferecer um espaço para mim, para não ficar orbitando ao redor dele que nem uma mariposa, implorando por atenção. Eu não entendi qual é o lance, mas eu fico ao redor desse homem querendo que ele me olhe, me note, e não sei em qual sentido, sexual, talvez?

No sexual é possível que seja. Por que nesse quesito você desvaloriza ele e quem quer que seja não é mesmo? É no campo sexual que você entende os caras, e os coloca num patamar menor que o teu. No campo sexual você consegue algum nível de igualdade, na tua cabeça, e aí procura levar tudo para esse lado.

Bem, eu sempre levei as coisas com os caras para esse campo sexual, porque era a forma de me “valorizar”, quando a gente sabe que não era bem assim, sexo sempre foi moeda de troca com os caras. Eu buscava amor, cuidado, atenção com eles e em troca dava sexo que ele procuravam. Fiz muito sexo ruim na vida milhares de vezes, e em poucas ocasiões gozei com tudo que podia, curtindo o sexo. O lance com o Evandro e o Gleydison foram os mais marcantes no quanto me senti mulher, leoa, uma “sem vergonha”, tive outras ocasiões bem marcantes, sim, gostosas.

Será que eu vejo na tristeza desse professor um projeto de ciências????? Um desafio. Acho que sim. Dentro da minha cabeça tem um dispositivo que busca identificar meu pai nas relações com as mulheres e os caras, e como numa máquina se é sim ou não a resposta terei uma reação específica, por exemplo, a diferença entre a Joyce e o J. Os comportamentos são distintos entre eles e por isso tem reações distintas da minha parte.

Com ela, por exemplo, eu tive acesso a conversas mais rápidas, acesso a informações mais rápidas, ela falou muito dela, entende! Eu falei muito de mim também. Não houve segredo algum, enquanto do lado dele teve meus bloqueios internos para chegar a cogitar perguntar, deduzi 80% do tempo ao invés de perguntar, deduzi por achar que iria incomodar ele, acho que o quesito pessoa com pênis também, tenho problema com pessoas com pênis, uma relação de amor e ódio construída ao longo dos anos.

Desejo sempre se converte em uma adoração divina, o cara se torna o Deus na terra. Meu foco é dar ao Deus tudo que ele acha legal e interessante, simultaneamente, sinto uma quebra interna, um quebrar que dilacera minha mente, meu dia a dia, minha rotina (há possíveis interseccionalidades aqui, lance de autossabotagem, essa que busca sempre me colocar num local menor para mim, a partir do meu olhar, menor na minha cabeça óbvio, menor para mim, é aquele lugar que eu estou em posição fetal mentalmente, pedindo arrego e misericórdia a outro ser humano. {Essa posição fetal que busca gerar nas outras pessoas simpatia e amor, cuidado, é dolorido para mim, eu renuncio a mim e me jogo, me humilho nos pés (mente) de outras pessoas, falando de mim, mostrando a mim mesma, como se eu fosse um saco de sal do mercado, um pacote de açúcar, que quer ser cuidado por outro ser, me “vendo” como se eu fosse nada de ruim, nada de bom, nada de nada, por quê?

[Putz !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Tem a ver sempre com a saída do meu pai da minha vida em 1993, com ele indo embora de nossas vidas. Devo ter chorado muito com aquilo, ou devo ter me sentido muito mal, imagina uma criança de 6 anos vendo alguém que ela ama indo embora. Muito triste. Como o Victor disse em algum momento, as relações que a gente estabelece com as pessoas passam pelo nosso olhar a esse primeiro relacionamento com nosso pai na infância. E sempre teve essa relação metafórica dele largando minha mão, me largando para trás, me deixando saber? E eu implorando por atenção, implorando por uns minutos do dia dele, quando ele aparecia em casa, implorando por algo dele (ele sempre aparecia com o jeito elegante dele, livre, enquanto eu ficava em casa “presa” por aquele amor que eu sentia por ele (é bem assim que me sinto em relação a alguém que nem conheço e faço todo esse jogo de ser aceita, amada, querida, capaz de fazer alguém ficar comigo, por quem eu sou (tenho vergonha de ser quem sou de verdade, essa Cinthia de verdade não conseguiu ser amada pelo próprio pai, imagina se vai segurar outro ser humano) poxa que triste constatação neh! Muita triste gente, as vozes na minha cabeça dizem que “imagina se alguém vai gostar de você desse jeito que se veste, como você fala com as pessoas, ou como você se comporta na vida, ou pelo que você faz, ninguém pode amar alguém imperfeito assim, alguém que é você!”]}

Teve o lance de querer o corpo dele haha, sim, porque não, principalmente ao notar que ele ficava olhando meus stories (hoje sei que olhar stories pode ser aquilo que o Victor falou numa ocasião anterior, de deixar rolar os stories sozinho, só por fazer mesmo sabe/ Enquanto para algumas pessoas isso é bem pessoal, sim, tudo é muito pessoal para mulheres gente, como pode neh! Se alguém piscou para a gente é porque somos maravilhosas, amadas, dignas de amor e cuidado, dignas de sermos vistas, que coisa horrível, meu Deus do céu haha, vivemos em torno do que outro pensa a respeito de nós, esse outro que sabe disso, kkk, pior ainda, sabem que o que eles acham da gente tem um poder, isso é bem ruim, colocar as nossas visões internas em prol desse olhar do outro)

Socialmente falando, os homens são criados para cuidar das coisas do mundo não do macro mundo das emoções. Tem que considerar isso também, e somo vivemos num sistema capitalista, nossos corpos são coisas também. Os corpos das mulheres são coisas a serem adquiridos numa prateleira. Tenho a impressão que temos que estar sempre no mistério com as pessoas de pênis cishetero, para que ele não se sintam entendiados.

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